Não me lembro se isso foi na 6ª ou 7ª série, mas já se vão alguns bons anos. O fato é que era comum os professores fumarem na sala de aula durante as lições. Eles nos passavam a matéria da aula, depois exercícios, enquanto quebrávamos a cabeça para resolve-los aproveitavam para um trago ou outro.

Aquilo nos incomodou, não achávamos que poderia fazer bem à todos da sala, que de certa forma recebia a fumaça do cigarro. O mal acometia também aos próprios mestres. Resolvemos nos organizar e saímos afixando cartazes de proibido fumar nos corredores. O resultado foi positivo: tivemos nossa reclamação atendida.

Jamais quero pensar que uma geração é melhor ou pior que a outra. Esse tipo de comparação é comum. Os pais da década de 60 reclamaram da rebeldia dos seus filhos da mesma forma dos pais atuais. O que é certo e visível a crescente facilidade de reclamar, fazer tempestade em copo d’água e até mesmo exagerar nos protestos, muitas vezes sem antes ler e entender direito o que se passa.

Para não dizer que estou de pirraça quero trazer a esta discussão um fato recente. Fizemos entrevistas de estágio para nossa empresa. Dos 10 estudantes de engenharia que participaram, todos erraram o teste de atenção. Era para ler antes de sair fazendo, todos saíram fazendo e falharam no teste, bastante simples por sinal. Não tinha resposta no Google, poderiam até consultar se quisessem.

A revista americana Time, trouxe a seguinte matéria “Millenials: The Me Me Me Generation”. Millenials é o nome dado aos jovens nascidos a partir de 2000. A matéria de Joel Stein, em livre tradução seria: Milênios: A Geração Eu Eu Eu, se referindo ao narcisismo. “…Aqui estão os dados frios e duros: a incidência de transtorno de personalidade narcisista é quase três vezes mais elevada para as pessoas com seus 20 anos do que para a geração que agora tem 65 anos ou mais, de acordo com os Institutos Nacionais de Saúde (EUA); 58% mais estudantes universitários obtiveram pontuações mais altas em uma escala de narcisismo em 2009 do que em 1982. Milênios obtiveram tantos troféus de participação que cresceram em um estudo recente onde mostrou que 40% acreditam que devem ser promovidos a cada dois anos, independentemente do desempenho…” – diz o texto de Joel.

Com tantas formas de se expressar, tem ficado fácil para gerações mais novas e também para outras se expressar. Mas desordenadamente e muitas vezes muito parcial. Museus, exposições de arte, manifestações culturais, todos sob alvo de odiadores da Arte do Diferente, um verdadeiro Efeito Lúcifer (estudo do professor Zimbrado). O mi mi mi recente da falta de água em Bom Despacho trouxe à tona personalidades cômicas, foram vídeos gravados no estilo “Ratinho” na porta da Copasa, fotos com políticos às altas horas da noite vigiando a chegada do líquido precioso. É preciso reclamar, mas é também preciso trazer soluções.

Sejamos empáticos (como sempre me sugere o amigo Jorge Quintão). Vamos entender a dor desses que só vivem reclamando e quem sabe podemos salvá-los desse ciclo vicioso? Entender o sofrimento do outro é um bom exercício de se colocar no seu lugar.

Obrigado D. Lourdinha Cardoso, me permitiu ser rebelde quando era preciso e me mostrou o caminho para apontar as energias em prol de algo mais útil. Obrigado D. Paré Couto por me ensinar Interpretação de Textos, “Construção” do Chico será sempre um marco para reflexão.

Chega de mi mi mi, vamos à luta!

* No desenho a iena da Hanna Barbera que vivia sempre reclamando: Oh Vida! Oh Dia!

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