A primeira Copa de que tenho lembranças foi a de 1982, na Itália. Morávamos em Moema. Meu pai trabalhava na Polícia Militar e havíamos mudado para lá. Quando o Brasil saiu da Copa recordo-me que na rua algumas pessoas rasgavam a bandeira do Brasil. Os jornais naquela época publicavam as bandeiras para que pudéssemos torcer. Ouvi alguém repreendendo: não se pode destruir a Bandeira, pessoal pode ser preso. Afinal estávamos ainda no Governo Figueiredo, com os resquícios da truculenta Ditadura Militar.

Chegamos para morar em Bom Despacho no início de 83. A Copa do México já teve um gosto diferente. Colecionávamos figurinhas e jogávamos tapão na hora do recreio do Chiquinha Soares. Aquele ano de 1986 foi espetacular. Quem não queria ver seu ídolo jogando contra times de todo o mundo? O Galinho esbarrou com a França, falhou na cobrança do pênalti e não avançamos.

Quatro anos depois, já na adolescência, emoções à flor da pele, carreatas pela cidade. No ano de 90, Copa da Itália, havíamos participado de uma gincana no Colégio Tiradentes e ganhado de todas as turmas. Para comemorar fomos para o sítio do Serginho Tatu. O pai do Matheus até perguntou para meu pai se lá seria perigoso com aquele tanto de adolescentes. Na volta do almoço na roça fomos assistir ao jogo na casa do Serginho. Toninho Cerezo marcou. Ganhamos! Saímos pela cidade em passeata. Alegria, alegria, alegria!

Na Itália acabamos não levando o título. O ano de 1994 chegara e já eram 24 anos sem Taça do Mundo é Nossa. Os jogos nos Estados Unidos foram emocionantes. A final nem se fala, coitado do Baggio, mas é vida que segue. Ganhamos! Somos tetra! Mais passeata pela cidade. Fogos e buzinaço, bem no começo do Real. O Brasil de então parecia o país do futuro.

Em 1998 estava já em BH. Estudo e trabalho, era um verdadeiro capitão de indústria (vide Paralamas). Viajamos para Natal, no Rio Grande do Norte. O CEFET havia sido convidado para participar do Congresso da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência). A gente participou de uma corrida de minibaja. Vivemos a vida estudantil ao extremo. Jogo na beira da praia, música boa, alegria, alegria, alegr… Ops, nada disso, Ronaldinho não joga e a França nos manda para casa, 3×0!

O tempo avança mais uma vez. Chega 2002 como uma forte promessa. Já atuando como engenheiro, tinha que organizar o tempo entre os jogos de madrugada e o trabalho. Haja energia! A final foi na madrugada da formatura da Viviane na PUC. Ficamos na festa de formatura e às 3 horas da manhã fomos para BD. Assistimos aos jogos com nossos pais. Brasil penta campeão, 13 letras, Zagallo, vocês vão ter que me engolir. Festa na rua, DJ Rogers no Ghandauzz, trio elétrico nas ruas, festa, festa, festa.

2006, 2010 e 2014, jogos em BH. Na casa do Buba a saída para as decepcionantes saídas do Brasil era lavar vasilha do churrasco. 7 a 1! Em 2015, quando fui participar de um evento em Essen (Alemanha), a primeira coisa que os alemães comentaram foi como não analisamos os riscos e perdemos feio para eles.

Este ano a gente precisava ter o brilho de volta na Copa da Rússia. Mas não foi desta vez. Perdemos para a Bélgica. Assistimos aos jogos com amigos e família, o último em casa. Quando me dou conta, cadê Felipe? Nosso filho é patriota, ele já sabe o que é o sangue verde e amarelo. Felipe Coutinho chorou caladinho no seu quarto. Calma filho, em 2022 vamos ao Qatar!

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