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Greves de 80 mil param principais obras do PAC

Paulo de Tarso Lyra, André Borges e Mauro Zanatta | De Brasília e Porto Velho – Jornal Valor Econômico

As principais obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) estão sendo paralisadas não pela austeridade fiscal, mas por algo surpreendente em um terceiro governo do PT: greves de trabalhadores. O Planalto está preocupado e quer agir antes que o movimento se alastre. Estima-se que 80 mil trabalhadores estejam parados. Aos empregados que atuam nas usinas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, somam-se pelo menos 34 mil de braços cruzados em Suape (PE) – 20 mil na Refinaria Abreu e Lima e 14 mil na Petroquímica Suape, ambas controladas pela Petrobras – e 5 mil em Pecém (CE). Em assembleia, ontem, os operários do consórcio Conest, formado por Odebrecht e OAS, decidiram manter a paralisação das obras da refinaria, que já dura 15 dias.

A presidente Dilma Rousseff pediu ao secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que se reúna na terça-feira com as centrais sindicais, empresas concessionárias e Ministério Público do Trabalho para tentar chegar a um acordo e impedir a interrupção do principal programa de investimentos do governo.

Ontem, após reunião no Palácio do Planalto com o ministro Gilberto Carvalho, os presidentes da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, e da CUT, Artur Henrique, reforçaram a necessidade de uma saída urgente. “É preciso estabelecer um mínimo de regras nas relações trabalhistas. Muitos serviços foram terceirizados, alguns até quarteirizados”, disse Henrique. Para os sindicatos, o momento de resolver os problemas é agora, enquanto as obras estão no início. Pelos cálculos da Força Sindical, quando o PAC estiver em pleno funcionamento – incluindo as obras para a Copa do Mundo e a Olimpíada de 2016 – cerca de 1 milhão de pessoas estarão trabalhando em diversos canteiros de obras pelo país.

O governo pretende repetir na área da construção o mesmo acordo fechado com empresas e empregados do setor sucroalcooleiro, que sofria com a péssima relação entre usinas, plantadores e cortadores de cana, contratados ilegalmente por intermediários. “Com a regularização nas relações trabalhistas, o setor eliminou a pecha de trabalho escravo”, disse Paulo Pereira da Silva, da Força.

Os 16 mil operários da obra da Odebrecht aceitaram voltar hoje ao trabalho, após quase uma semana de paralisação, depois de parte de suas reivindicações serem acolhidas pela Odebrecht. As negociações mais difíceis ainda estão por vir e continuam a ameaçar a estabilidade do canteiro de obras. Em assembleia marcada para domingo, com o início da campanha salarial da categoria, eles pedirão, entre outras coisas, 30% de reajuste.

 

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