* Artigo Originalmente publicado no Jornal GAZETA, em Fevereiro/2017.
“Por falta de um prego a ferradura estava perdida,
Por falta de uma ferradura o cavalo foi perdido,
Por falta de um cavalo o cavaleiro estava perdido,
Por falta de um cavaleiro a batalha foi perdida,
Por falta de uma batalha o reino estava perdido,
E tudo por falta de um prego de ferradura.. ”
– Benjamin Franklin,
jornalista, editor, autor, filantropo, abolicionista, funcionário
público, cientista, diplomata, inventor e enxadrista americano.
Quando a gente analisa a a palavra Logística, descobrimos uma curiosidade. Sua origem vem do Francês “logistique”, que deriva de “loger” (colocar,alojar, habitar). Esse termo originalmente significava o transporte, abastecimento e alojamento de tropas. Está relacionada com a palavra “lodge” (que é uma palavra mais antiga em inglês, mas tem a mesma origem latina). Outro fato interessante é que “Logistics” apareceu na língua inglesa pela primeira vez no século 17.
Um dos primeiros conceitos de Logística evoluiu da necessidade militar de abastecer tropas que se movem da sua base para uma posição avançada. Nos antigos impérios Grego, Romano e Bizantino, existiam oficiais militares com o título de ‘Logisttkas’, responsáveis pelos assuntos de finanças e distribuição de suprimentos. O dicionário Priberam conceitua Logística como “…parte da arte militar que trata do apoio às tropas no que diz respeito à alimentação, municiamento, saúde, transportes, etc”.
No nosso dia-a-dia nos referimos a Logística como o transporte de alguma coisa, ou até mesmo o vaivém de materiais e processos. Não está de todo errado, mas o estudo logístico de uma obra ou projeto vai além disso. É preciso compreender o que comprar, de quem comprar, como processar, como transportar, como armazenar e como movimentar. Tudo isso em prol dos bons resultados que almejamos, diminuição de riscos e aumento da segurança nas operações.
Prejuízo no Projeto
Falar que os prejuízos e atrasos nascem na falta de um planejamento, ou até mesmo na falta de um acompanhamento, parece redundância. Vamos analisar uma situação típica e corriqueira. A construtora fez os pedidos de compra para os insumos da obra. O material chega e não tem lugar para estocar. Ou melhor, demorou muito tempo até que o pedido fosse realizado. Em ambos os casos o projeto será prejudicado. Material pode se perder, e atrasos certamente irão ocorrer.
O pessoal que estuda a Logística tem um termo que resume bem esta situação, trata-se do lead time. Compreender o lead time é entender o prazo total que precisamos para escolher o que comprar, especificar, quantificar, fazer o pedido, acompanhar o pedido, fazer o transporte do material, estocar o material e posterior aplicar. A primeira causa de prejuízo no projeto é não compreender essa dinâmica. Em outras palavras, não é fácil encontrar na loja da esquina material disponível e no preço orçado para atender o empreendimento.
Existem materiais que mal estocados vão se deteriorar, se perder, é dinheiro ralo abaixo. Outros, se não forem usados no momento certo perdem suas características, estamos falando de concreto, mantas asfálticas, por exemplo. Se não pensar e avaliar como transportar, vem a Polícia Rodoviária e aplica uma multa, prende a carga e mais atraso no projeto.
Fornecedores competentes
Só é possível gerar resultados positivos com uma eficiente e competente cadeia de participantes. Neste caso incluem-se os fornecedores. Homologar um fornecedor trata-se de processo fundamental para garantir que os produtos ou serviços serão entregues no prazo estabelecido e na qualidade acordada. Comprar pelo menor preço nem sempre é a melhor decisão. Outros fatores devem ser levados em conta, tudo começa visitando e conhecendo a fundo um fornecedor.
A cadeia de fornecedores além de ser conhecida precisa ser acompanhada. Um bom fornecedor do passado não necessariamente é hoje a sua melhor opção. A tecnologia muda, as empresas são dinâmicas e podem se encontrar com outras prioridades. Sem conhecer os fornecedores e sua forma de realizar negócios fica difícil cumprir as metas do empreendimento.
Pensamento logístico
Atuar com lógica nas decisões não basta. O sentimento, percepção, terceira e quarta opinião, são importantes para justificar os números almejados. Ao contrário do que possa parecer definitivamente temos uma atuação não linear quando precisamos agir pensando nas metas da obra.
Estudar o fornecedor, conhecer a rota de transporte, os cuidados das vias, são alguns pontos importantes a explorar. O horário de movimentação de material também é fundamental conhecer. No centro as cidades nem toda hora é hora de fazer entregas. O pensamento logístico vai além, ele descobre soluções por meio de estudos sociais, políticos, econômicos e técnicos.
Colaboraram com este artigo: Daniela Carvalho, Pedro Mota, Wellington Silva.