Grace Downey e Robert Ager
29/07/2009
Por Edimar Blazina – edimar@queb.com.br
Como surgiu a ideia da viagem?
Sempre tivemos esse sonho, nós dois individualmente. Quando nos conhecemos, falávamos cada vez mais sobre isso e a vontade de realizá-lo ia crescendo, até que um dia resolvemos largar tudo, vender tudo e viajar pelo mundo de carro.

Se vocês pudessem resumir a viagem, como definiriam esse período?
Os melhores anos de nossas vidas!
A viagem ganhou o nome de “Desafiando seus sonhos”. O que foi mais difícil, a preparação para realizar a volta ao mundo ou a viagem em si?
Por ser o que mais queríamos estar fazendo naquele momento, nenhum dos dois foi “mais difícil”. Nos organizamos, planejamos e realizamos o que tinha que ser feito. Superamos as dificuldades encontradas e curtimos demais todos os momentos vividos. Valeu à pena cada minuto e centavo para conquistar e realizar nosso sonho. Agora, uma coisa que foi bem mais difícil do que a viagem em si, foi fazer e lançar o livro! Mas, felizmente, conseguimos fazer isso com sucesso também.

Lugares lindos, paisagens deslumbrantes, pessoas de todos os tipos e um desafio a cada quilômetro rodado. No meio de toda essa adrenalina, dá saudade de estar em casa em algum momento?
Tínhamos saudades sim, mas não de estar em casa em si, mas sim de estar ao lado das pessoas mais próximas e queridas e poder compartilhar com elas um pouco do que estávamos vivendo naquela aventura. E também do que elas estavam vivendo na vida delas. O que mais sentimos saudades foi das pessoas, mas mesmo assim, estávamos super felizes de estarmos realizando esse nosso sonho, e isso superava qualquer sentimento difícil.
A viagem virou palestra motivacional. Em meio aos desafios dessa excursão, o que motivava a não desistir?
Como falamos antes, era o que mais queríamos fazer, então quando enfrentávamos dificuldades não pensávamos em desistir, e sim em solucionar os problemas e superar as dificuldades para podermos continuar. Costumamos dizer que se você quer alguma coisa e está disposto a trabalhar duro para isso, tudo é possível. Basta acreditar naquilo que você faz e quer e com determinação irá conseguir. E o sentimento de realizar um desafio é a melhor coisa que tem!

Como será o seu novo projeto “Brasil por Terra”?
Não vemos a hora de pegar a estrada novamente. Faremos essa viagem da mesma forma, de carro e acampando. Queremos explorar o país todo visto de um ângulo diferente, fora da rota comum e bem apartado das principais atrações turísticas. A ideia é demonstrar que existe uma vida inteiramente nova para ser vista e vivida na estrada. Uma que pode ser levada com simplicidade, sem gastar uma fortuna, mas que oferece riquezas únicas e que aproxima mais o viajante da verdadeira natureza local, compreendendo sua cultura e interagindo com as pessoas do lugar. A ideia é de lançar um livro, seguindo o modelo parecido com o que lançamos sobre nossa volta ao mundo, com a intenção de inspirar as pessoas a viajarem também e a verem que o Brasil também tem coisas maravilhosas.
De todos os lugares que vocês viajaram, qual voltariam com toda a certeza?
Amamos a África pela sua beleza natural e suas diferenças culturais, mesmo porque sempre tivemos grandes expectativas deste continente. Curtimos demais especialmente o Sul e Leste da África, com todas suas reservas e parques nacionais, a abundância da vida selvagem passando pela Namíbia, Botsuana, África do Sul, Moçambique, Tanzânia e Quênia. A África combinou bem com o estilo da nossa viagem de acampar e viver ao ar livre, no carro e ao redor dele, então isso fez com que nos sentíssemos muito confortáveis durante este trecho da viagem. Houve outros lugares que curtimos bastante também: Chile, Peru, Canadá, Alasca, Índia e Austrália, por exemplo.

E qual não voltariam de maneira nenhuma?
Não é dizer que jamais voltaríamos, mas o trecho onde tivemos maiores dificuldades, por incrível que pareça, foi também a África, mas a região Oeste. Além da travessia do Deserto do Saara, que foi incrível, mas tensa, pois seguimos através de dunas sendo guiados apenas por pontos através do GPS. Nesta situação estávamos mais tranquilos, pois montamos um comboio de três carros e, caso tivesse acontecido alguma coisa, estávamos em um grupo e sabíamos que sairíamos de alguma enrascada. A parte mais difícil e tensa foi o trecho da travessia do Sahel (uma região muito seca, escassa de vegetação e considerado um semi-deserto), onde passamos por trechos sem estrada, novamente sendo guiados pelo GPS, quatro dias sem ver ninguém, passando apenas por vilarejos, e desta vez estávamos sozinhos. Se tivesse acontecido alguma coisa conosco ou com o carro estaríamos em sérios apuros.
Quando as viagens terminarem e chegar o momento de descansar, qual será o lugar escolhido?
Ainda não sabemos ao certo, pois o mundo é enorme e gostamos de diversos lugares por onde passamos. No entanto, o lugar onde nos sentimos bem em casa, seja onde estivermos, é em nosso carro/casa. Tendo dito isso, no momento firmamos endereço no Brasil!

Existiu algum personagem que marcou a viagem? O que ele agregou de importante?
Sim, poderia dizer que algumas pessoas marcaram a viagem em determinados lugares, mas gostaríamos de mencionar um em especial. Foi o Amadou, um garoto na tribo Dogon em Mali. Ele foi gentil, simpático, sorridente, e generoso. Isso nos marcou muito, pois infelizmente nessa região a maioria das pessoas eram bem diferentes e estavam apenas atrás do dinheiro dos turistas e esse garoto foi totalmente diferente e nos surpreendeu demais. Ficamos até sem graça quando ele nos ofereceu um presente típico da sua tribo no vilarejo de Endé.

Para cada um de vocês, dessa volta ao mundo a melhor lembrança é…
Para nós dois as boas lembranças são bem parecidas… Logicamente alguns lugares lembraremos mais do que outros, mas a liberdade que tínhamos na estrada é uma coisa que não se consegue facilmente, muito pelo contrário, é quase impossível. Isso nos marcou muito e não queremos perder isso de forma alguma. Procuramos estar em controle disso em nosso dia-a-dia de volta à rotina. Ressaltamos também a quantidade de coisas que aprendemos durante o caminho, e também sobre nós mesmos, fortalecendo demais nosso relacionamento e nosso caráter. São muitas lembranças, mas o fato de estarmos realizando um sonho é uma lembrança enorme e muito especial!

Quem já não pensou em dar a volta ao mundo? Naqueles dias em que o chefe está incomodando, e na sua mesa só existem papéis com pendências do trabalho, quem já não disse: vou pegar o carro e sair rodando por aí? Foi mais ou menos isso que a brasileira Grace Downey e o britânico Robert Ager fizeram.

O espírito aventureiro gritou mais alto e o casal Grace e Robert subiram em um 4×4 e saíram para conhecer o mundo. A viagem durou 3 anos e meio e, na volta, além das mil histórias que os dois viveram, a viagem virou livro – com fotos e contos – e tem inspirado palestras.

A dupla deu uma entrevista ao QUEB onde fala sobre suas aventuras. No bate papo, o casal revela detalhes da viagem e deixa escapar: “Não vemos a hora de pegar a estrada novamente”. Acompanhe a entrevista e, depois, se quiser aventurar-se por aí, fique a vontade!

Fotos: divulgação.

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