Os últimos dias tomaram a imprensa mineira e do Brasil com 2 nomes de bondespachenses que merecem muito do nosso respeito e admiração. Foram sentimentos diversos misturando saudade, orgulho, devoção e tristeza. Waldir Silva, nascido em nossa cidade em 1931, gravou mais de 30 discos, é considerado o maior tocador de cavaquinho do Brasil e um dos mineiros que mais gravou. Waldir nos deixou no último 1o. de setembro vítima de uma pneumonia, faleceu em Nova Lima aos 82 anos. Na outra ponta de nossa coluna semanal está Vander Araújo, de origem humilde em nossa Bom Despacho, família de pessoas com personalidade forte e muito determinadas, Vaninho, como é conhecido pelos mais próximos, está brilhando a frente da Gerência de Programação Cultural do Centro Cultural Banco do Brasil em Belo Horizonte.

No meio dos dois me sinto honrado, porque em algum momento pude estar presente na história do Waldir e do Vander, literalmente pessoas que fizeram e fazem acontecer. Em 1999 recebi telefonema do irmão Mauro Silva convidando-me a ter a honra de fazer o website do cavaquinhista e sua trupe. Mauro fazia parte do conjunto musical de Waldir e junto com o “Mano” queria levar a outros universos o talento do cavaquinho brasileiro. Junto com o colega Jorge Quintão fizemos uma estrutura na web simples mas que trouxe resultados aos músicos. Foi aí que tomei conhecimento de grandes histórias como a amizade entre JK e Waldir Silva. Para fazer o enlace com a história do Vaninho volto no início do ano de 2011 quando a Saletto (nossa empresa de Engenharia e Consultoria) fora convidada pela empresa Retech (empreiteira contratada pelo Banco do Brasil) para fazer o planejamento dos serviços de reforma e implementação do teatro do Centro Cultural do Banco do Brasil em Belo Horizonte (CCBB-BH). Quando tive contato com o projeto fiquei maravilhado, com os detalhes e a ousadia da reforma, não era apenas retirar reboco, consertar trincas, rebocar, pintar novamente e refazer o piso. A reforma do CCBB-BH foi uma verdadeira reconstrução do antigo Prédio da Segurança Pública do Estado de Minas Gerais. Parte integrante do Circuito Cultural Praça da Liberdade, o prédio passou por uma transformação fantástica e de dar muito orgulho a arquitetos e engenheiros.

Waldir Silva é daquelas pessoas que acumulam grandes números em sua carreira: lançou 29 LPs e nove CDS, entre eles “Tangos e Boleros”, com o qual recebeu o “Disco de Ouro”, da gravadora Movieplay. Em 2010 lançou o CD “Os mais belos tangos e boleros”. Apresentou-se no “Projeto Pizindin – Choro no Palco”, no Consevatório UFMG, em Belo Horizonte, em grupo formado por Waldir Silva (cavaquinho), Zé Carlos (cavaquinho), Mozart Secundino (violão 6 cordas), Carlos Boechat (percussão), Agostinho Paolucci (violão 7 cordas) e Lúcia Bosco (voz). Esteve por diversas vezes em Bom Despacho com o Projeto Minas ao Luar.

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os Irmãos Waldir (cavaquinho) e Mauro (violão) – Foto Jornal Hoje em Dia

Sua primeira composição gravada foi Telegrama Musical. Sua composição remetia à sua profissão de telegrafista. Apesar de música eminentemente instrumental, essa composição através das notas musicais soladas, emitia uma mensagem expressa em código morse, que encantou a todos. O sucesso na época foi tanto, que Waldir Silva foi parabenizado por Juscelino Kubitschek de Oliveira, então Presidente da República do Brasil, que entendeu perfeitamente a mensagem e agradeceu respondendo também em código morse. Waldir compôs parte da trilha musical da novela Pecado Capital, da Rede Globo de Televisão, foi indicado para o Prêmio Sharp de Música Popular Brasileira no ano de 1996. Neste mesmo ano Waldir e seu espetacular conjunto foram agraciados pela crítica, com o troféu Pró-Música – melhor conjunto e ainda hoje marcavam presença nos principais bailes, serestas, shows , exposições, festas, formaturas e congressos no Brasil e no exterior. Tenho certeza que uma hora dessas JK reencontrou o colega de profissão (telegrafista) e ambos estão preparando uma serenata com outros nomes da música brasileira. O Brasil prestou sua última homenagem a Waldir Silva com programas de TV, entrevistas, manchetes nos principais jornais impressos e muitos veículos da mídia web.

Estive visitando o Vander Araújo na sexta do dia 30 de agosto, nesse dia o CCBB-BH já estava com 920 visitas e apenas 2 dias de inaugurado. Os corredores estavam repletos de visitantes. Vaninho fez um passeio rápido conosco, mostrando a exposição ELLES, o teatro, as acomodações para livraria e restaurante.

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Vitor (dorense) e os bondespachenses Ítalo e Vander

A seguir uma rápida entrevista com nosso conterrâneo:

Como é trabalhar em um Centro Cultural tao moderno ?

Vander: Trabalhar no Centro Cultural Banco do Brasil, em Belo Horizonte, é uma experiência profissional e pessoal bastante enriquecedora e gratificante, que tem me possibilitado novos contatos no meio artístico, ampliando os conhecimentos nas diversas áreas culturais. O CCBB funciona num belíssimo prédio localizado na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, que compõe o Circuito Cultural Praça da Liberdade, resultado da parceria entre o Banco do Brasil e o Governo do Estado de Minas Gerais. O prédio, projetado em 1926 pelo arquiteto Luiz Signorelli, foi totalmente restaurado e adaptado para receber os visitantes e as variadas exposições, mostras, espetáculos teatrais e outras modalidades artísticas, que lhe confere o ar de modernidade nos seus projetos. O charme do Centro Cultural está na possibilidade das mostras serem referentes a diversos tempos históricos. O CCBB apresenta, por exemplo, mostras da arte contemporânea, barroco, renascimento e vários outros, dentro das exposições temporárias que sempre chegarão por aqui.

O que o visitante poderá esperar ainda para 2013?

Vander: Para o ano de 2013, o visitante já pode conhecer a exposição ELLES – Mulheres Artistas na Coleção do Centro Pompidou, em Paris, que percorre a trajetória da arte contemporânea produzida por mulheres e oferece ao espectador diferentes ângulos de visão. Na sequência, uma mostra em homenagem aos 90 anos do escritor mineiro Fernando Sabino e, em novembro, a exposição com obras de Amílcar de Castro. Nas artes cênicas, a estreia do teatro será com o espetáculo Prazer, da Cia Luna Lunera, de Belo Horizonte, em outubro. A programação do próximo ano ainda está sendo fechada.

Como visitas guiadas podem ser marcadas ?

Vander: As visitas guiadas podem ser agendadas com o Programa Educativo do CCBB BH, de quarta a segunda, através do telefone (31) 3431-9440.

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Centro Cultural Banco do Brasil – Praça da Liberdade em BH – Foto Divulgação CCBB-BH 

 A lição que aprendi dos 2: trabalho, fé, carisma, dedicação, talento, tudo isso leva primeiro ao sucesso pessoal, o resto é consequencia.

Pense nisso e bons projetos!

Sites:

CCBB-BH no Facebook: https://www.facebook.com/ccbb.bh

Waldir Silva e Conjunto Musical: http://www.waldirsilva.com.br

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